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Justiça chega aos mandantes do homicídio de Marielle Franco  e seu motorista Anderson Gomes

Meia dúzia de anos se passaram até que a união poderosa e incansável da sociedade com a justiça, o Ministério Pública e a Polícia Federal desvendasse o mistério dos motivos do crime e dos mandantes. Tempo que não apagou a lembrança indormida do fato nem perpetuou a impunidade dos meliantes.

As descobertas foram paulatinas. As provas do inquérito a cargo da polícia civil do Rio de Janeiro foram embaralhadas propositadamente pelo delegado que o presidia, subsidiado pelas milícias privadas e políticos corruptos aliados a elas para encobri-lhes os crimes de maior gravidade entre eles o que ceifou a vida de Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes. Este era casado, tinha família e não desagradou ninguém. Apenas estava na trajetória das balas assassinas.

Primeiro foram identificados os executantes do crime, um a um, demoradamente, mas isso não bastava. A opinião pública queria saber sobre a motivação delituosa e esclarecimento acerca de quem encomendara a pistolagem. O inquérito foi transferido à investigação da Polícia Federal que obteve uma delação premiada e aprofundou a pesquisa indo até o delinquente que efetuou o desmanche do veículo utilizado na conduta criminosa.


Certificando-se de que a delação premiada procedia, juntamente com outros elementos probatórios convergentes, o Ministro Alexandre de Moraes decretou a prisão preventiva dos novos indiciados, entre eles o deputado federal Chiquinho Brasão e seu irmão Conselheiro do Tribunal de Contas do Rio, apontados como mandantes, mais o delegado de polícia estadual encarregado do inquérito policial, é seus dois comparsas policiais civis, que também teriam participado do planejamento da infração penal.

Delitos dessa natureza são intrincados, complexos, de autoria frequentemente incógnita considerando-se a ramificação que os vincula ao poder. Marielle tinha luz própria. Dizem que será governadora e presidente de outros planetas para ilumina-los e transforma-los em estrela. Infelizmente aqui na terra não deu. Colocou holofotes sobre as falcatruas dos irmãos Brasão e suas ligações criminosas com as milícias privadas, contrariando-os e sendo morta por essa contrariedade.

A câmara Federal aprovou, por vergonhosa apertada maioria, a prisão decretada pelo Ministro Alexandre de Moraes em desfavor do deputado federal (com letra minúscula) Chiquinho Brasão. A medida acautelatória abrangeu o delegado da polícia civil encarregado do inquérito, e seus dois comparsas policiais, subornados para a fraude processual.


Os mandantes não precisaram despistar as primeiras autoridades policiais. Elas próprias encarregaram-se do despistamento, da supressão das provas. Se não fosse a Polícia Federal os bandidões da retaguarda ficariam impunes.

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José de Siqueira Silva é Coronel da reserva da PMPE
Mestre em Direito pela UFPE e Professor de Direito Penal

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18/04/2024 às 09:30

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