Andros Silva e Mano Medeiros. Foto: Blog do Andros

Mano Medeiros, prefeito do Jaboatão, concede entrevista ao Blog do Andros. Gestor recebeu equipe em sua sala no Complexo Administrativo

Mano Medeiros, prefeito do Jaboatão, é o terceiro entrevistado da nova série de entrevistas realizadas por este Blog.

Pelo espaço reservado as boas conversas, já passaram o ex-prefeito do Jaboatão e Cabo de Santo Agostinho, Elias Gomes, e o presidente da Câmara do Jaboatão, Adeildo da Igreja. Não tenho dúvidas que muitos nomes bons do cenário político do estado, ainda haverão de passar por aqui.

O papo com o chefe do Executivo jaboatonense, aconteceu na manhã da segunda-feira (19). Atencioso e de uma humildade nunca antes encontrada em um chefe do Executivo, ao menos eu ainda não me deparei com outro igual, ele me recebeu em seu gabinete, principal sala do Complexo Administrativo da prefeitura, que fica na Estrada da Batalha, no Jardim Jordão.

Medeiros acabara de gravar um vídeo com sua equipe, onde aparecia anunciando os preparativos para o grandioso Réveillon da orla de Candeias. Na sua mesa, a conversa iniciou com um balanço sobre os seus primeiros dias à frente da prefeitura, em seguida, falou da boa recepção que tem encontrado em áreas como Jaboatão Centro.

A polêmica votação da reforma administrativa, aprovada por unanimidade na primeira, mas vetada sem motivo aparente, por 20 vereadores quando apreciada num segundo momento, o possível embate com o então aliado Adeildo da Igreja pela prefeitura nas próximas eleições e a mudança em seu secretariado, iniciando uma nova roupagem à sua gestão, foram pontos altos da conversa.

O diálogo foi acompanhado de perto por Roberto Santos, atual secretário de Desenvolvimento Econômico. Cientista político, engenheiro e advogado, seria titular da nova Secretária Executiva de Articulação Política, que vinha junto à reforma, ora barrada pelos parlamentares da Vidal de Negreiros. Sem mais delongas, vamos a entrevista? Simbora!

Roberto Santos, Mano Medeiros e Andros Silva

Andros Silva: Vamos começar com um balanço desses seus primeiros dias à frente da prefeitura. Foi um ano desafiador, não foi prefeito?

Mano Medeiros: Foi um ano muito desafiador Andros. Assim que eu cheguei aqui e assumi a gestão, peguei logo um desastre climático (Mano se refere às fortes chuvas que castigaram a cidade no segundo semestre). Foi um grande desafio enfrentar todo esse momento, momento esse que até hoje a gente vem enfrentando com algumas pessoas recebendo auxílio. Tudo isso me impactou bastante não só no profissional, como também no pessoal, ao ponto de me envolver e me dedicar muito mais à prefeitura, mais do que já vinha me dedicando.

Vou tocar no primeiro tema delicado… Existe em Jaboatão, quem veja em Anderson Ferreira, uma imagem negativa. Mas o senhor continua no grupo político do ex-prefeito. O que pretende fazer para se afastar deste retrato questionável por alguns, com ele estando tão próximo ao senhor?

Eu continuo no grupo Ferreira. Estou aqui porque fui eleito através de uma composição política da qual eu faço parte, da qual tem André Ferreira e Anderson. Algumas pessoas até especulam que eu estou me distanciando do grupo, essa possibilidade não existe, até porque construímos tudo isso aqui juntos. Fazem comparações, comigo e Anderson, é inevitável, temos estilos diferentes. Eu tenho um estilo mais de rua, de estar no corpo a corpo. Anderson tinha o jeito dele e eu tenho o meu. Cada um fez seu papel e cabe agora à população reconhecer o que cada a qual fez e faz pelo município.

Estando na rua, como o senhor tem recebido a boa recepção do povo, como aconteceu e acontece em Jaboatão Centro, por exemplo.

Isso é devido ao contato nas ruas, pelos gestos que fiz por lá. Fizemos a reforma da praça (Nossa Senhora do Rosário) que inclusive se deu ainda na gestão de Anderson Ferreira, eu concluir e entreguei, a decoração de natal que levou e tem levado várias pessoas a visitar e ficar mais na praça, são coisas que tem reverberado na avaliação positiva por parte deles a essa nossa gestão. Mas além disso, temos várias frentes de obras em Jaboatão Centro. Já estamos recapeando a Avenida Entre Rios, em Santo Aleixo, recentemente fizemos a Estrada da Luz, estamos fazendo a Nobre de Lacerda, fizemos a Barra de Guabiraba, então são várias ações e isso realmente tem feito a diferença, as pessoas estão vendo que as coisas lá estão mudando.

“Assim que eu cheguei aqui e assumi a gestão, peguei logo um desastre climático”

Vamos falar de política? Adeildo da Igreja, seu aliado, que recebeu bastante ajuda do senhor nessas eleições quando saiu candidato a deputado estadual, já se colocou como postulante a prefeito. Como o senhor recebe essa informação?

Eu digo sempre Andros, todas as candidaturas são legítimas. Cada um que se acha na condição de ser candidato, que se coloque à disposição e vá para a rua tentar, fazer sua parte política para reverberar isso em votos e em resultado para a eleição que vem em 2024. Eu acho que ainda está muito cedo para se antecipar e entrar nessa discussão política, essa antecipação acaba afastando as pessoas uma das outras, que é natural que isso venha acontecer, então eu não compactuo com essa antecipação da eleição, continuo gestor, estou na rua como gestor, esse será o meu papel no ano de 2023 e só vou tratar de política em 2024. Infelizmente essa antecipação só acaba criando um distanciamento, como disse. Adeildo se lançou candidato, respeito, é legítimo, mas você há de convir que eu não poderei dá a ele o mesmo tratamento que eu dei durante a campanha dele (a deputado estadual). Me dediquei a campanha de Adeildo, porque eu tinha esse compromisso com ele, agora por uma questão pessoal, ele se antecipou e se lançou candidato. Eu sou candidato natural, estou sentado na cadeira com expectativa de reeleição dentro de um grupo político que me apoia para ser o candidato em Jaboatão dos Guararapes. Então, não tenho como ser diferente, e esse tem sido meu foco também para o futuro. Eu digo sempre, a eleição para mim, Mano Medeiros, se dará em função, em reflexo do meu trabalho em 2023.

E como o senhor enxerga o veto, por parte de vinte vereadores, à reforma administrativa proposta pelo senhor, a qual não tinha danos ao erário?

Eu devolvo essa pergunta para eles… Para que eles se expliquem para a população. Fica de uma certa forma estranho, um projeto aprovado por unanimidade (na primeira votação) e uma semana depois ele ser vetado pelos vereadores. Nós encaminhamos três projetos naquele momento… Um, era a implantação da corregedoria da Guarda Municipal, a autorização para concurso público e a reforma administrativa. Reforma essa que não causava nenhum custo para o município, era uma adequação, em função do novo modelo de gestão de Mano Medeiros, criava algumas secretarias, extinguia outras, dando uma modelagem no modelo de gestão que eu estou pensando. Inclusive, aproveitando, falando de política, criava a secretaria de Articulação Política, uma das, como exemplo, que era a secretaria que iria fazer a interface entre a Prefeitura e o Legislativo. Estava tudo isso sendo construído de uma forma muito bem pensada e aí os vereadores acharam de não aprovar. A prefeitura segue o seu caminho normal, não mudou nada no ponto de vista de gestão, a adequação eu faço de forma interna. Mas cabe aí os vereadores, os vinte que votaram contra, responder o porque eles não terem aprovado o projeto da reforma administrativa.

Isso de alguma forma cria uma rusga entre Executivo e Legislativo?

De jeito nenhum, alguns vereadores até me abordam: “prefeito o senhor mudou”, eu não mudei, eu continuo seguindo a mesma cartilha que eu vinha trazendo, estando na rua, junto a população, visitando obras, visitando postos de saúde, visitando escolas, entregando unidade de saúde, como entreguei recentemente em Comportas Um. Agora quem mudou foram eles… Votaram contra à reforma, deram um sinal de que realmente houve um distanciamento e eu sigo a minha vida. Continuo tocando a gestão, continuo sendo prefeito, continuo indo na rua, continuo conversando com a população e os vereadores é que tem que decidir de qual lado eles estão.

“Estava tudo isso sendo construído de uma forma muito bem pensada e aí os vereadores acharam de não aprovar”

Qual a importância teria o gabinete da primeira-dama para a nossa cidade e o que de fato ele seria?

Quem tem acompanhado o trabalho meu e de Andrea (Medeiros, primeira-dama) tem percebido a participação dela nas áreas que tenho colocado como prioridade em nossa gestão. Assistência social, saúde e educação. Andrea tem sido uma peça fundamental para juntar essas três áreas e dar o resultado que a gestão precisa para melhorar a qualidade de vida da nossa população. Andrea tem um papel fundamental aqui comigo. Eu sempre brinco, como eu não tenho vice-prefeito, eu tenho que trazer Andrea para me ajudar e assim ela tem feito com muita dedicação. Inclusive Andrea estava trabalhando, pediu demissão para vir trabalhar comigo, para se dedicar a Jaboatão, ao povo de Jaboatão, ela tem isso na veia, no espírito dela e tem passado isso para as pessoas. Isso é muito importante e gratificante para mim.

A Câmara não entendeu isso?

A Câmara não entendeu. O gabinete da primeira-dama seria mera formalidade. Tanto que o trabalho da primeira-dama não seria de forma remunerada. Seria mais para dá uma integração nos segmentos dentro da prefeitura. Mas não mudou nada. O papel dela, ela continua fazendo. Quero registrar aqui que a Caravana do Papai Noel, que tem feito um grande sucesso em nosso município, foi idealizada e conduzida por ela. Então Andrea tem sido muito fundamental para a minha gestão.

Vai apresentar o projeto outra vez a Câmara?

É possível que a gente coloque o projeto outra vez em discussão, mas aí a gente já terá que discutir também outra questão… Para o projeto avançar a gente precisa discutir quem é nossa base, quem é que está conosco, quem estará alinhado com a gestão… É um processo que a gente começará a conversar, dia a dia, passo a passo, com os vereadores, no processo, como Anderson teve, fazia, de abertura, de transparência, coisa que sempre tivemos com a Câmara de Vereadores.

“Eu sempre brinco, como eu não tenho vice-prefeito, eu tenho que trazer Andrea para me ajudar”

Independente da reforma. Pretende mexer no seu secretariado agora em 2023? Vem Evandro Avelar, como foi ventilado?

Evandro é um amigo que tenho, já trabalhei com ele aqui em Jaboatão dos Guararapes, um amigo de muitos e muitos anos. É um grande técnico. Toda vez que Evandro ia para um lugar, ele me chamava e agora que estou nessa condição de prefeito, falam nessa possibilidade de Evandro vir para cá. Pode ser, mas não a curto prazo. Ele tem um projeto lá na Prefeitura de Olinda, conversamos muito a respeito de Jaboatão, ele tem uma experiência grande e tem me ajudado, mas não existe essa expectativa de Evandro vir de imediato para Jaboatão, não. Agora vamos sim fazer umas mudanças na nossa gestão, trocar uns secretários, mexer em outros, porque é normal, assim que tem que ser na verdade para a gente ter um novo modelo de gestão.

O Réveillon já está sendo grandioso, mas e o Carnaval prefeito, a Festa da Pitomba. O que está sendo preparado para esses eventos?

Já conversei com o nosso secretário. Estamos com uma grande programação para o ano de 2023. As pessoas Andros, estão carentes. Eu tenho visitado o Curado, Cavaleiro, Jaboatão Centro e percebo que quando bate 19h a cidade para, porque as pessoas não tem o que fazer. Então se a gente puder dar a eles um pouco de diversão, de cultura, de espaço para que eles se divirtam, mudar um pouco esse cenário. Sobre o Carnaval, vai ter sim. Já estamos programando, já disse ao secretário (de Cultura) que a partir do dia 1º, dia dois de janeiro, iniciando o ano de 2023, já apresente uma proposta para o Carnaval, com polos e agremiações do nosso município. Eu participei do Aldeia Yapoatan, neste evento conversei com vários blocos de maracatu e até fiquei surpreso com a quantidade de blocos que temos aqui e saem para se apresentar em outros municípios, porque sentem essa necessidade de ter um espaço para se apresentar. Então vamos tentar mudar isso. Estamos focados também no São João, voltar a fazer nosso festival de quadrilhas, de forma descentralizada e trazer para o Parque da Cidade em Prazeres, uma grande final, por que não? Pode ter certeza que já estamos pensando sim, em formas para aquecer o nosso cenário cultural.

Como se deu a composição da programação do Réveillon prefeito?

Fizemos uma pesquisa. Quem está no cenário? Quem desperta o interesse da nossa população? As duas grandes atrações: Priscila Senna e Raphaela Santos, mulheres pernambucanas era indiscutível, e traremos também o Nattan, cantor nacional, para agregar, além dos artistas locais, de Jaboatão, como Allan Carlos, Orquestra 90 Graus e Marcelo Pernambucano.

“Toda vez que Evandro ia para um lugar, ele me chamava e agora que estou nessa condição de prefeito, falam nessa possibilidade de Evandro vir para cá”

Prefeito para encerrar, fale como será a sua relação com a nova governadora, Raquel Lyra.

Eu já estive com a governadora.

Já nomeou as prioridades de Jaboatão para ela?

Sinalizamos a nossa aproximação com ela, no encontro dos prefeitos em Caruaru. Tenho visto da parte dela uma sensibilidade muito grande para a gente sentar e discutir os problemas a nível estadual que temos em nosso município e vamos aguardar a nossa próxima conversa com ela para avançamos com muita transparência. Discutir, por exemplo, entre outras propostas, a barragem Pereira, que é uma área de alagamentos que existe em Moreno. Se o governo do estado concluir aquela barragem teremos uma série de vantagens para o nosso município, evitando alagamentos em Jaboatão Centro. Mas eu tenho certeza que assim que ela assumir, vamos sentar para dialogar.

Muito obrigado por receber o Blog prefeito.

Eu que agradeço Andros. Muito obrigado pelo espaço!


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21/12/2022 às 00:00 – Por Andros Silva

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