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Sonho interpretado por feiticeira quase me põe em cana

Sonhei haver morrido sem ter vivido, não confundir morrer sem viver com ser abortado ou vitimado por infanticídio. No abortamento, o morrer do feto por morte matada ou natural, resulta em aborto, cadáver do feto ou feto morto, de vida intrauterina interrompida. No infanticídio, o feto vivo está de mudança para o exterior materno ou é recentemente mudado quando a mãe, sob a influência do puerpério, sacrifica-lhe a existência.

Morrer sem viver é deixar de ser o que nunca foi, difícil é explicar como deixar de ser sem haver sido. Encontrei uma cientista da mente, inclusive grande feiticeira, num balneário dos seus domínios, chamado Lagoa Azul do Piauí, com águas de que somente se vê a cor, que não molham, não correm, nem ficam paradas. O feitiço começa residindo aí. Contei, então, à minha interlocutora sibila a trama intrigante do filme que sonhara, aspirando-lhe a proteção como fada madrinha.


A cientista da mente e das manifestações cerebrais, versada em consciência, inconsciência e bruxaria, adivinhou que sobre o sonho confuso eu queria consultá-la. Sacou de um cachimbo, aliás um cachimbão, e principiou a conversa, cachimbando, expelindo a fumaça das folhas verdes incineradas, segundo ela, para o meu bem e o da humanidade. Concluiu a exibição de esoterismo dialogando com entidades invisíveis do bem e do mal, e passou-me o esquisito fumo para que também desse minhas baforadas. Recusei fumar.

Aquela estranha mistura de cor esverdeada e cheiro diferente era suspeita, poderia incomodar os vizinhos, dar o que falar. Foi quando chegaram os guardas, dispostos a complicar. Proibiram que o sarro continuasse às vistas de todos. As algemas também estavam visíveis. A cientista apressou-se em explicar que tratava cientificamente da minha enfermidade, uma ausência de problemas, com letalidade específica de morrer sem ter vivido. A cura implicava no saber de que viver é enfrentar dificuldades.

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José de Siqueira Silva é Coronel da reserva da PMPE
Mestre em Direito pela UFPE e Professor de Direito Penal

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04/06/2025 às 10:47

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