“A morte não é tristeza,
é fim, é destinação,
tristeza é ficar na vida
depois que os sonhos se vão”
(Poeta Ademar Tavares)
Todos sabemos que a existência tem dois limites extremos. E. Mira Y Lopes dizia que nascer é passar do não ser para o ser, e morrer é transformar-se do ser em não ser. O problema é saber o que éramos antes de chegar e o que seremos depois de partir. Um grande mistério que o ser humano tenta desvendar.
O não ser antes do ser precisa ser conhecido porque isso facilitaria compreendermos se ele é o mesmo não ser que éramos antes de nascer ou se é um não ser diferente, que o grande psiquiatra E. Mira Y Lopes absteve de explicar.
Talvez se pudéssemos alterar a nossa trajetória e soubéssemos que o nascer implica no morrer decidíssemos não ter nascido. Somos, entretanto, ignorantes sobre o antes e o depois da vida, impotentes e desautorizados a decidir acerca do para onde vamos e do porquê viemos.
Sabemos que existimos, gostamos de existir e tememos que a existência termine. Reconhecemos, todavia, que perecer, já que nascemos, é inevitável.
Revoltamo-nos contra a morte, terrorista desagregadora, essa chata, carregada de inconveniências. Ela separa a alma do corpo, o cadáver vira um corpo desalmado (sem ter maldade alguma porque é coisa, não pensa. Não pensar é uma grande vantagem). Ela altera os sentimentos e a convivência com os entes queridos. Substitui a presença física e o calor humano por saudade. Torna a permanência do amor um desafio. Talvez a prometida memória inesquecível vire lembrança deletada. Quem a promete carece de eternidade.
A finalizadora de vidas desconstrói os elementos constitutivos da matéria, pulveriza-lhe as virtudes e defeitos, não sobra nem fortes nem fracos, nem feio nem belo. Tudo vira pó, poeira, cinzas ou lama.
O Deus que fez a existência finita, segundo interpretação dos evangelhos, levantou contra o perecimento a ressurreição, tornando-o passageiro e menos tenebroso. A morte não afasta espírito e Criador. Este perdoa os pecados, com chance de redenção e vida perene.
A morte só é permanente como ameaça, companheira indiscreta, assombrosa, do pecador. A certeza dela gera aflição e infelicidade pela incógnita que é o seu depois.
Crendo em Deus cremos em renovação, vida após o desencarne, por ressurreição ou reencarnação, o cristianismo assim preleciona, variando conforme a interpretação. É preciso fé em que Deus existe, não é criatividade literária, bíblica, nem ilusão.
Respeitemos seus mandamentos, amenos a Ele sobre todas as coisas, amemos ao próximo e respeitemos toda forma de vida. Entenderemos que a morte não deve ser temida. O temor ou destemor diante dela é questão de ignorância ou de fé. Sejamos fervorosos para ser felizes e vivermos sempre.
José de Siqueira Silva é Coronel da reserva da PMPE
Mestre em Direito pela UFPE e Professor de Direito Penal
da FOCCA
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23/11/2021 às 19:32