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O médico como guia de conservação da saúde física e mental dos pacientes

O pneumologista, em idos dos anos setenta, examinou a radiografia dos próprios pulmões e duas lágrimas quentes e tristes umedeceram-lhe o rosto. Fumante inveterado, conhecia e sabia o mal que a fumaça do cigarro, aspirada com tanto prazer e frequência, cobrar-lhe-ia da saúde encurtando-lhe os dias de vida.

Não era oncologista, mas tinha ciência e consciência dos efeitos cancerígenos da nicotina e demais componentes danosos do fumo. Escondera de pacientes cancerosos, por piedade, o diagnóstico que iria entristecê-los com a certeza dolorosa do próximo fim, quando o câncer raramente encontrava cura.

Agora, precisava esconder de si mesmo a enfermidade, ter esperança em Deus e nos avanços da ciência para não morrer de tristeza antes do tempo, cônscio da própria tragédia a que chegara por incontenção no tocante ao vício.


O ser humano sente prazer ao desafiar o perigo, exibindo-se em situações de risco para robustecer a autoestima ou conquistar a admiração alheia, tipo os artistas de circo a brincarem no trapézio, na corda bamba, no globo da morte.

O tabagista, entretanto, nem reforça a estima de si mesmo nem se torna admirado porque não tem platéia e os circunstantes sintam-se incomodados por serem transformados em fumantes não voluntários.

Os médicos deveriam abster-se de fumar para dar bom exemplo aos pacientes idem no tocante às demais drogas ofensivas à saúde e aos maus hábitos, como o sedentarismo por exemplo, até por amor ao próximo e à humanidade.

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José de Siqueira Silva é Coronel da reserva da PMPE
Mestre em Direito pela UFPE e Professor de Direito Penal

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18/10/2023 às 09:26

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