O corpo das pessoas, invólucro carnal da alma, tem prazo de validade, finitude inderrogável por mais que evoluam a medicina, a engenharia genética. Glória, a gloriosa estrela global do telejornalismo brasileiro, libera-se hoje dos condicionamentos do seu envoltório material e projeta-se como luminosidade, rastro de luminescência por onde passa, deixando para trás a memória duradoura da profissional competente, exemplar, fiel na versão dos fatos à sociedade.
Colegas de trabalho, na homenagem praticamente improvisada, considerando-se a recentidade do seu perecimento, prantearam seu desenlace com lágrimas e voz embargada, que não conseguiram ocultar. Expressão de sinceridade que transcende os limites do auto controle profissional.
As pessoas marginalizadas da periferia social aprenderam com Glória, oriunda da mesma periferia, que quando se vai à luta pelo que se quer, querer e poder ganham unidade de sentido. Mulheres e homens negros, e de todos os matizes, sentem-se empoderados com o empoderamento dela, encorajando-se inclusive a incursionarem pelo jornalismo, a exemplo de Maju e tantas e tantos outros já no ápice da carreira.
O coma prévio que lhe conferiu maior dignidade de passamento-morte sem angústia e sem dor-foi uma pausa para descanso antes de reiniciar a trabalheira como jornalista virtuosa na sociedade celestial. E lá vai ela flutuando, subindo, subindo, anotando os detalhes, curiosa para descobrir e informar a todos se Jesus Cristo era mesmo da sua cor. Uns dizem que sim, outros dizem que não. Ela está prestes a desvendar esse mistério em sua primeira entrevista celestial.
José de Siqueira Silva é Coronel da reserva da PMPE
Mestre em Direito pela UFPE e Professor de Direito Penal
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02/02/2023 às 19:26