Fernando Moreira de Lima/Divulgação

Entrevista com Fernando Moreira de Lima, ex-vereador do Jaboatão e articulador político da cidade sede deste Blog

No final da tarde da quarta-feira (19), entrei em contato com Fernando Moreira de Lima, o Fernando Gordinho, ex-vereador do Jaboatão e articulador político da cidade sede deste Blog. Por volta das 16h, ele me atendeu, estava visitando amigos no Loteamento Santo Antônio, que fica em Socorro, também no Jaboatão.

De pronto topou e por alguns minutos conversamos sobre a política do Jaboatão, últimas eleições, candidatos a prefeito, Câmara de Vereadores, dentre outros assuntos que deixa qualquer interessado em nossa política, disposto em ler do início ao fim o papo sem pestanejar. Confira abaixo, está interessantíssimo!

Andros Silva – Fala Fernando, tudo bem? De onde falas neste momento?

Fernando Moreira – Graças a Deus. Estou aqui em Socorro, Loteamento Santo Antônio, visitando amigos.

A política faz parte da pauta deste encontro aí no Loteamento?

Andros, eu tenho a política como algo sagrado, uma ferramenta de se fazer o bem. Enxergo a política de forma diferente de muitas pessoas, já tentei parar mais não consigo. A política tem os seus momentos, o momento agora é de discutimos políticas públicas, melhorias para as nossas comunidades. Tenho andado muito, conversado com as pessoas, lideranças e formadores de opinião.

Então já que você tem “a política como algo sagrado” vamos falar um pouco sobre os acontecimentos políticos em Jaboatão? Você que já foi vereador desta terrinha e hoje atua como um grande articulador político no município, o que tens achado da atual legislatura da Câmara?


Primeiro o grande ficar por sua conta (risos). Sou um empreendedor e simples militante político que quero ver o desenvolvimento de volta para nossa grande cidade. A nossa Câmara deixa muito a desejar, mas isso não é algo específico só de Jaboatão, que é uma das cidades mais importantes do Brasil, os nossos parlamentos estão falidos, na UTI, na contramão da vontade do povo.

Deixa a desejar em qual sentido? O que deveria fazer os nobres parlamentares jaboatonenses para serem dignos do seu aplauso?

Três ou quatro vereadores que se destacam, os outros são ‘Maria vai com as outras’, com todo respeito as Marias! Deveriam fiscalizar, legislar, acompanhar e cobrar do Executivo ações que venham trazer desenvolvimento para nossa cidade.

A atual Câmara não faz isso? Quem seriam os três ou quatro vereadores que se destacam em sua opinião?

Lógico que não, só diz amém. Na minha humilde opinião, Pastor Ginaldo da Carne, Adeildo da Igreja, Marlus Costa, Charles Motorista, mais um ou dois. Tenho amigos lá, mas aqui estou falando tecnicamente.

Eu tenho a política como algo sagrado, uma ferramenta de se fazer o bem


Amém a quem? A Deus ou ao prefeito Anderson Ferreira (risos)? O que queres dizer com esse “amém?

Lógico que é ao atual gestor, estamos falando de política e não de plano espiritual (risos).

(risos) E seria o atual prefeito um semideus? Como assim “amém”? Isso quer dizer que a Câmara aceita tudo que o prefeito manda, sem questionar?


Para alguns ele deve ser um “minijesus”, ‘pra mim’, um gestor que é nosso empregado, administrador colocado pelo povo para trabalhar e os vereadores tem o dever de fiscalizar. A subserviência é feito sal, colocado demais estraga a comida.

Então a atual Câmara é subserviente ao prefeito, é isso?

Muito… Cadê a CPI? Cadê a fiscalização das obras e ações da gestão? Nos últimos acontecimentos, uma tragédia na cidade aconteceu, (uma família morreu após um deslizamento de barreira em Cavaleiro), cadê a atuação da Câmara? Um secretário diz que foram investidos quase cinco milhões em contenção de barreiras e obras de prevenção ao inverno, os comentários são que foram investidos R$ 40 milhões. Qual seria a ação dos senhores vereadores? Pedir informação, convocar o secretário ou superintendente da área para dar explicações sobre tudo isso. Cadê a reforma dos mercados? Principalmente o de Cavaleiro, revitalização das feiras livres, quanto foi gasto? Foi feito o quê? Aluguel do complexo (administrativo do Jaboatão, base da prefeitura) hospital de campanha (para tratamento de pessoas com Covid-19), foram alvo da Polícia Federal, Tribunal de Contas do Estado e o que a Câmara fez? Nada! Ainda tem a Maternidade Rita Barradas.

Mas esses questionamentos não deveriam partir do Adeildo, incentivando assim os demais parlamentares, enquanto presidente da casa, principalmente por ter mais experiência diante de uma legislatura composta em boa parte por novatos? Ou estou errado?

Não, do colegiado, a Câmara é um colegiado, o vereador Adeildo é o presidente da Câmara, não é o dono da Câmara. Novatos que deveriam se impor, mas entram no jogo dos antigos, tentaram fazer grupos para eleger um presidente do grupo dos novatos, não conseguiram.

Qual seria o jogo dos antigos? Interesses pessoais e não em prol da cidade? Do coletivo?

O jogo na política brasileira está sendo o jogo da família, do pessoal, infelizmente. Mas a política é o jogo do coletivo, por isso que o Brasil e Jaboatão está sangrando faz muito tempo. A política é a arte de unir para a coletividade, aqui o pessoal é tão forte que as nossas lideranças comunitárias estão sumidas.

“Para alguns ele deve ser um “minijesus”, para mim, um gestor que é nosso empregado, administrador colocado pelo povo para trabalhar”

Até pouco tempo você achava a atuação do vereador Adeildo como presidente da Câmara fraca, não acha mais? Citou o nome dele entre os que se destacam na atualidade!

Como presidente sim, como vereador não. Vamos lá… Veja quantas ruas foram pavimentadas na comunidade que ele representa, foi o segundo mais votado na cidade, como posso dizer que não é um vereador que se destaca? Agora como presidente da Câmara, acho fraco. Nenhuma ação para que eu pense diferente.

Ginaldo da Carne, outro citado por você, foi apontado nos bastidores políticos como um possível nome a ser escolhido por Anderson Ferreira para disputar à prefeitura em 2024. Você acredita nessa possibilidade?

Ginaldo é um amigo de 20 anos, já tive a grata honra de ter seu voto e seu apoio, sou amigo de sua mãe. Ele nunca me disse isso, mas acho que tem muito potencial para 2022 e 2024, é um bom nome.

Ainda nos bastidores políticos, ouvi muitos falando que se Daniel Alves fosse candidato a vereador, ele não seria reeleito, mas o homem obteve mais de 80 mil votos enquanto candidato a prefeito. Sabemos que são campanhas, cargos diferentes, mas como se explica isso para os nossos leitores?


Acho que teria muitas dificuldades para vereador. Os votos de Daniel (para prefeito) foram construídos por várias ações, Dr. Ulisses, voto de rejeição a atual gestão, entre outros. A oposição perdeu para ela mesmo, faltou projeto de união, planejamento. O atual prefeito perdeu nas urnas e ganhou na política. Perdeu para os votos brancos, nulos e abstenção, ganhou com menos de 5%. Se tivesse mais um candidato com potencial à eleição, teria indo para o segundo turno e a oposição teria ganhando as eleições.

Se Dr. Ulisses fosse o candidato e Daniel o vice, o resultado poderia ser diferente?

Daniel não é a oposição, ele é um membro da oposição. Acredito, mas se o Dr. Ulisses tivesse sido candidato pelo PSB e Daniel pelo MDB, aí eu tinha certeza.

Quando se fala em Daniel, logo vem a cabeça Anderson Ferreira. O prefeito se articula para criar uma frente forte rumo a sua candidatura a governador do Estado. Anderson teria um bom resultado caso fosse candidato?

Divulgação

Eles são muito inteligentes (clã Ferreira), jogam um jogo pesado, não estão pensando na cidade, estão usando a cidade para conseguirem o Estado, mas não vai ser nada fácil, tem muita gente que sabe jogar bem esse jogo também. Precisamos ter um bom projeto para a cidade, o MPJQ (Movimento Popular Jaboatão Que Nós Queremos) está pensando nisso, em breve vamos lançar o projeto: “Pensando Jaboatão 2032”.

Quem seria um bom nome para substituir Anderson Ferreira?

Não devermos pensar em nomes agora e sim na construção de um projeto viável. Os nomes vão aparecer.

Fernando, antes de encerrar, deixa eu voltar a falar da Câmara. Os meus leitores gostariam de entender uma coisinha… Até onde sabemos, apenas Márcio do Curado se apresenta como oposição a Anderson no momento. Uma andorinha só consegue fazer uma boa oposição? Ou acaba ficando tudo no simbolismo?

Outros virão, mas tem muita gente descontente com a atual gestão, principalmente o povo e essa rejeição só vai aumentar. Outra, tem muitos vereadores chateados.

Poderia citar alguns?


Preferia não, eles vão aparecendo aos poucos.

Eu li recentemente num blog, que ele, Márcio, teria “deixado a base do prefeito” para seguir na oposição. Mas até onde sei, Márcio nunca foi da base de Anderson.

Sempre foi oposição. O presidente estadual do PSD (partido de Márcio), o deputado federal André de Paula, meu amigo, é da base (do prefeito Anderson Ferreira).

Com isso ele não sofre uma pressão para mudar de lado?

Só ele pode responder essa pergunta.

Neste caso, assim como diz o Danilo Gentilli no The Noite, Márcio, quero você aqui. (risos)

(risos) Mas eu acredito que sim. Acho que vai ser difícil resolver essa bronca, mas vamos dar tempo ao tempo. Márcio é disposto, inteligente, tanto é que conseguiu a reeleição contra tudo e todos.

Fernando é sempre um prazer conversar com você e ainda mais quando o assunto é a política do nosso Jaboatão. Muito obrigado em me atender durante a sua visita aos amigos aí no bairro de Socorro. Gostaria de deixar um recado final para aqueles que estão aqui nos acompanhando?

Louvo sempre a Deus por sua vida, um grande profissional da notícia. Para mim é um prazer grande participar com você deste bate-papo, sempre estou à sua disposição. Deixo um recado… Precisamos buscar a unidade de todos para construirmos um projeto de cidade para a nossa metrópole Jaboatão dos Guararapes. Precisamos aprender a pensar na cidade e na coletividade, a valoração das nossas lideranças e o respeito ao povo. Gratidão!

20/05/2021 às 10:37 – Por Andros Silva

Compartilhe essa matéria, escolha uma rede abaixo.

Check Also

Deputado Joel da Harpa vota contra Medalha Antirracista para Anielle Franco: “Homenagens devem reconhecer ações significativas”

Fotos: Divulgação e Luna Costa