O recifense Luiz Pratines, de 51 anos, no "Quem Quer Ser Um Milionário". Foto: Globo

Às vezes, saber perder ajuda a ganhar

É bem verdade que quem não arrisca não petisca, segundo a sabedoria popular. Assim, abster-se de jogar na mega sena é o mesmo que nunca ser premiado por ela. O risco para realizar sonhos acalentados ocorre numa frequência maior do que se imagina.

Para ser médico, magistrado ou procurador da república, por exemplo, enfrenta-se concorrência em que poucos ganham e muitos perdem. Reduzido número de vagas para enorme quantidade de pretendentes. Seleções com mais de cem concorrentes para cada vaga ou cargo. Que fazer? É pegar ou largar. Investir dinheiro, tempo e muito esforço para capacitar-se. A cada derrota, sonhar e querer mais intensamente ganhar.

Digamos que para evitar perder esforço e tempo se faça a opção pelo empreendedorismo, ainda assim é necessário prudência e pesquisa sobre o que se pretende, evitando correr atrás da sombra que é muito maior do que o objeto que a projeta. O objeto dos empreendimentos é o lucro, que deve ser bem delineado no planejamento sob pena de quebra se for iludente. A ganância, nesses casos, é cega e propõe passos maiores do que as pernas, como no caso de marinheiros de empresários iniciantes, o endividamento que não se pode honrar. Lembro no tocante aos bancos, que estes não fazem caridade.


Se o fizessem, não seriam tamanhamente ricos. Isso não quer dizer que seja condenável tomar dinheiro emprestado, desde que o empréstimo seja bem aplicado. A viúva de um aposentado descobriu que ele mantinha poupança alentada à custa de empréstimo consignado contraído para investir. Ele era mais amigo do banco do que de si próprio e se deixou convencer de que fizera ótimo negócio. Tinha prazo de cinco anos para pagar e se morresse antes, ninguém iria cobrar-lhe a dívida na eternidade, pensava. Quanta sabedoria!

Assume-se grande probabilidade de insucesso quando se faz opção de ganho pela sorte. A jogatina pode levar o viciado à miséria. Difícil impedir a trapaça no carteado ou na roleta, mas a busca de aparente ganho fácil nos cassinos e nas maquininhas leva as pessoas ao empobrecimento. Nunca aposte além do que pode.

No programa de Luciano Huck, quadro “Quem Quer Ser Um Milionário”, domingo último, um concorrente acertou 14 das 15 questões para ganhar o milhão. Poderia ter parado onde estava e levar para casa meio milhão, mas insistiu por olho grande ou vaidade, em responder a última questão, com 50% de possibilidade entre erro e acerto. E errou, perdendo 200 mil reais. Deixou-se vencer pela cobiça ou pelo desejo de brilhar exibindo-se.

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José de Siqueira Silva é Coronel da reserva da PMPE
Mestre em Direito pela UFPE e Professor de Direito Penal

Contato: jsiqueirajr@yahoo.com.br
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06/12/2023 às 08:33

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