Fotos: Divulgação

Encantos de Sairé, nos limites territoriais com Gravatá

Fui com familiares, semana passada, curtir uns dias em hotel fazenda de Sairé, limítrofe com Gravatá. Reabasteci-me das energias boas de que estava carente. Dizem que a ocupação principal de aposentado é fazer nada, mas os tempos mudaram, além do que, a ociosidade cansa tanto quanto o trabalho, dependendo de que a ocupação seja naquilo de que se gosta.

Exercitei-me o quanto pude, vi os animais serem cuidados, cavalos alimentados, escovados, selados, montados timidamente ou com desenvoltura pelos hóspedes, entre eles os mais novos do nosso grupo. Um casal de corujas indormidas, guardiãs dos seus filhotes, ameaçou voar sobre mim e bicar-me, crendo-se, erroneamente, em legítima defesa deles. Fugi apressado ao invés de esperar por tempo ruim.

Bodes, cabras, patos e carneiros, principalmente os pais-de-chiqueiro, fizeram alarido para apressar a comida. Um pavão exibiu-se com a beleza de sua plumagem e do seu canto lamentoso, voando baixo por sobre os currais, talvez à procura de sua fêmea, saudoso dela.

O casal de corujas indormidas, guardiãs de seus filhotes. Foto: Divulgação

O frio não me permitiu tomar banho de piscina, embora a do bangalô em que me hospedei fosse aquecida. Preferi nadar sob o chuveiro, sem risco de afogamento ou de sair friorento batendo os queixos, quebrando os dentes. Os condicionadores de ar não fariam falta se fossem desligados. Pela manhã acordávamos todos com o canto diversificado da passarada, sinfonia convidativa da paz espiritual e da meditação silenciosa sobre a obra divina, criando a natureza.

Canários, Codornizes, Rolinhas, Sabiás, Bentevis, encheram de sonoridade melodiosa nossa audição. Um Pica-Pau e sua família agasalharam-se em ninho espaçoso, enorme, ostentando megalomania edificante e cantante. Até os surdos os ouviam sem precisar de libras para lhes aclarar a escuta. Finalmente fizemos trilha em caminhão Ford, fabricado em 1954, marcha de queixo duro, ancião novinho em folha. Para subir as ladeiras era um queixume, uma reclamação, um choro baixo.

Resmungava, mas subia. Se lhe faltasse força, não aceitava a primeira em movimento. Gostamos tanto do velhote, com catabios e tudo, que fizemos o passeio duas vezes. Foi tudo muito legal, um aniversário e dia dos pais magnificamente feliz, mostrando que quando as pessoas se amam, como dizia Machado de Assis, em seu poema, A Carolina, “tornam a existência apetecida e num recanto põe o mundo inteiro”.

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José de Siqueira Silva é Coronel da reserva da PMPE,
Mestre em Direito pela UFPE, Professor de Direito Penal
e Colunista do Blog do Andros

Contato: jsiqueirajr@yahoo.com.br
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25/08/2025 às 10:45

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