Andros e Jacinta Silva. Foto: Divulgação

Em entrevista ao Blog, Jacinta fala sobre a saída de Maria Gentila, relação com Mano Medeiros e encontros com Anderson e André Ferreira


Jacinta me encontrou no Restaurante e Pizzaria Siciliana, em Piedade, para uma entrevista visivelmente entristecida, magoada e pronta para revelar histórias até então desconhecidas pela maioria dos jaboatonenses. Ela transformou nosso almoço em um momento de desabafo, explicando ao seu público, muitos leitores do nosso blog, os detalhes que mudaram os rumos de sua vida este ano.

O local, conhecido pela boa comida, foi o palco perfeito para nossa conversa, já que ali ocorreram vários momentos narrados pela querida e respeitada vereadora de Jaboatão.

Chegando pontualmente ao meio-dia, meia hora antes do combinado, Jacinta foi recebida com carinho pelos funcionários e por um amigo que encontrou na entrada. Durante nosso bate-papo, outra pessoa, aparentemente ligada ao estabelecimento, fez questão de cumprimentá-la, reforçando o carinho que a parlamentar desperta nas pessoas.

A conversa começou de forma descontraída, entre goles de bebidas como sucos gelados e saborosos cafés, com intervalos entre ambos, claro, enquanto eu aguardava a lasanha que pedimos para o almoço, que seria servida logo após o nosso bate-papo. Gosto muito desse prato. Iniciei o diálogo mencionando a saída de sua amiga Maria Gentila da gestão de Mano Medeiros, onde ocupava o cargo de secretária de Assistência Social e Cidadania. Em seguida, perguntei sobre os motivos que a levaram a não buscar a reeleição.

O tom da conversa se intensificou quando Jacinta detalhou sua relação com o prefeito Mano Medeiros, a quem responsabilizou pela sua não candidatura. Ela também falou sobre os encontros com Anderson e André Ferreira, sua dedicação atual a um jovem deputado federal, seus planos políticos e a candidatura de sua filha, Roberta Lígia, que atualmente trabalha no governo estadual sob a liderança de Raquel Lyra, evidenciando a conexão de Jacinta com a governadora, uma relação marcada por grande afinidade.


Andros Silva: Então, Jacinta, deixa eu começar contigo, procurando saber como tu enxerga a saída de Maria Gentila, secretária Municipal de Assistência Social e Cidadania, da gestão de Mano Medeiros?

Jacinta Silva: Olha, ela estava se sentindo um pouco acuada, muitos projetos, muitas coisas que ela estava levando para serem discutidas, não estavam acontecendo. Ela começou a perceber que tinha dado já o que tinha de dar. A gente sente quando não está sendo bem quista dentro do ambiente em que está convivendo. Ela já tinha falado há um tempo que ia pedir, tinha dito que ia sair, e tentou, acho que com o próprio deputado, segurar até a eleição, mas ela disse: “Ó, terminou a eleição, eu tô fora.”

O deputado que você fala é André Ferreira?

É André Ferreira.

É quem indicou ela na gestão de Mano Medeiros?

Isso, ela tem a ligação com ele, né? E aí ela disse que não tinha mais como realmente segurar aquilo ali. E sentia que, se também não pedisse para sair, ela não tinha nenhuma garantia de que ia continuar. Então, se já não ia continuar, por que não sair? Aí apareceu uma oportunidade lá no Porto Digital, e ela achou melhor sair, ir embora, coordenar uns cursos aí, via o MEC, e saiu, pediu para sair.

E por que você acha que ela poderia não continuar? Segundo consta, alguém dentro da gestão tinha um impasse com ela. Isso é verdade?

Olha, isso eu não tenho conhecimento de quem teria essa questão contra ela, mas ela não estava realmente se sentindo tão bem mais. A gente não estava tendo aquela secretária que ia para a rua com todas as energias. Ela estava entristecida, se sentindo realmente boicotada em algumas ações. Então, começou a achar que tinha passado o momento dela ali. Já era hora de ir cuidar da vida. Acho que foi muito isso.

Muita gente não entendeu, de fato, por que você não saiu candidata a vereadora. Até muita gente da imprensa não conseguiu compreender bem. O que de fato aconteceu? Por que Jacinta não se lançou em busca de sua reeleição?

Andros, eu fui eleita pelo PSC, partido esse que hoje é Podemos, não existe mais. E o Podemos, quer dizer, o PSC não existe, o Podemos sim, mas o Podemos estava com a candidatura (coligação) de Clarissa. Eu, na gestão, durante todo esse tempo, não ia apoiar Clarissa. Então, o que eu questionava era o seguinte, o tempo todo, para onde eu vou? Eu, como uma líder da minha equipe, conversava com todo mundo que qualquer posição que eu fosse tomar, eu ia falar com o meu líder maior. Porque dele eu era liderada.

Quem era teu líder maior?

Mano Medeiros.

O atual prefeito!

Isso. Então, o tempo todo eu conversava com Mano. “Prefeito, pra onde eu vou? Prefeito, o que é que eu vou fazer?” “Tenha calma”, eu escutava muito de Mano essas palavras. “Acredite em mim, confie em mim e eu vou resolver.” Essas três frases eu escutei durante quase que oito meses e eu garanto que realmente entrei nessa. Eu acreditei, confiei e esperei. Esperei até demais.

Um certo dia eu estava no carro com o vereador Márcio dos Curados e Mano ligou pra mim. Quando Mano ligou pra mim, falando a questão realmente do partido, eu questionei o seguinte: “Prefeito, eu vou pra onde?” E ele repetiu novamente as mesmas coisas: “Acredite em mim, Jacinta, eu estou resolvendo.” E nisso me bateu um desespero. Eu confesso, me bateu um desespero nesse momento. Eu chorei até, e Márcio presenciou essa cena.

Aí Márcio me disse: “Eu garanto a você que eles não vão te dar a legenda.” Eu disse: “Márcio, mas eu tenho certeza que ele vai me dar a legenda.” Disse: “Jacinta, não vai te dar a legenda. Faça o plano B.” Eu: “Que plano B, bicho? Eu não tenho plano B não. O meu plano é o plano A. Eu estou com Mano Medeiros. Eu confio em Mano Medeiros e estou acreditando que ele vai resolver isso. Então, eu não tenho plano B não.”

Ele disse: “Filie sua filha no PSD. Porque, se você não tiver legenda, Roberta é candidata. Sua filha é candidata.” Eu tenho duas filhas, Olga e Roberta. Seria uma das duas. E eu, mesmo sem aceitar, naquele mesmo momento fui para o Complexo para lá me encontrar com Roberta. E pedi para Roberta fazer a filiação. E ela disse: “Não faço. Porque eu não sou candidata.” Eu disse: “Você vai se filiar. Não estou dizendo que você é candidata.” “Mãe, a candidata é tu.” Eu disse: “Eu não sei o que vai acontecer. Mas, por segurança, faça sua filiação.”

Passou três dias a gente insistindo, insistindo para ela fazer essa filiação. Terminou, ela fez a filiação. Contra a vontade dela. Muito chateada. E essa filiação de Roberta ficou entre eu, ela e Márcio. Preste atenção. Ficou entre eu, ela e Márcio.

O tempo todo eu conversava com Mano. “Prefeito, pra onde eu vou?”

Que é o presidente municipal do partido.

Isso. Ninguém mais sabia dessa filiação de Roberta. O tempo passou. Eu tive diversas vezes conversando com a Casa Civil. Conversei com a própria governadora. E um dia, Mano liga para mim e diz assim: “Eu recebi hoje uma ligação. E a governadora disse que quer refazer a história de Fernando Leonel.” Aí eu disse: “Mano, Raquel já tinha me dito realmente que eu fosse para o PDT, que ela ia segurar o PDT em Jaboatão. Porque o PDT em Jaboatão era seu e ninguém mexia.”

Então, seria realmente o caminho mais viável para mim ter ido para o PDT. E além do quê? “Ah, mas o pessoal do PDT não vão te aceitar.” Eu disse: “90% de quem está no PDT é cargo comissionado. Na hora que você quiser, você chama todo mundo e você resolve a situação.” Ele não me respondeu e ficou quieto. E aí começou, eu recebi informações de que Marcelo Adriano (presidente do diretório municipal do PDT) não me aceitava no partido, que, se eu entrasse no PDT, todo mundo ia sair.

Eu cheguei a conversar com alguém, pedir pessoas minhas para conversar com algumas pessoas do partido. Eu não senti isso. Mas ficou essa dúvida aí pairando no ar. E o prefeito não resolveu a minha situação. Eu não fui para o PDT. Ele não dizia qual era o partido que eu ia. Depois surgiu uma conversa de eu ir para o PRD, que era um partido que estava numa situação bem pesada também.

E além do mais, eu ia para o PRD e todo mundo já dizia: “Vai para o PRD e vai ter que assumir um compromisso com Joãozinho Tenório.” E eu dizia: “Eu não tenho um compromisso com Joãozinho porque o meu compromisso é com Mano.” E eu já sabia de uma possível candidatura de Andrea, que ela (a primeira-dama) poderia ser candidata também. Chegou o dia 5 de abril. Não tinha PDT, não tinha PRD, não tinha partido nenhum para que eu fosse.

No prazo final.

E aí eu recebi uma ligação de Fabrício, que era o presidente do PRD na época. Ele disse assim: “Me dê seus dados. O pessoal da Casa Civil me ligou. Me dê seus dados porque eu vou fazer sua filiação por aqui, pelo estadual.” Aí eu disse: “Sem o municipal saber de nada?”, “Eu vou fazer Jacinta, sua filiação, me dê seus dados.” E eu disse: “Não, peraí, tem calma.” Isso era…

Quem preside hoje o PRD em Jaboatão?

Hoje é Eneias Marcelo, vereador. Mas foi o estadual que me pediu, que hoje ele é prefeito em Salgueiro, né? Aí eu disse: “Não, eu tenho que ver aqui no municipal como é que vai ficar a minha situação. Porque eu não quero entrar no partido de paraquedas.”

Aí voltou a conversar com o Mano sobre isso?

Aí voltei a conversar com o Mano, né? Aí ele disse: “A gente vai resolver, tenha calma.” Era o último dia. E aí eu relaxei. Eu disse: “Não vou conseguir. E vai ser o plano B, vai ser Roberta.”

A gente pode dizer que a culpa é do prefeito Mano Medeiros de você não ter saído candidata para a reeleição?

99%.

O restinho da porcentagem foi culpa sua?

Foi. Eu errei porque eu confiei. 1% eu boto a culpa para mim mesmo porque eu confiei. Eu esperei que ele resolvesse.

Mas o que você acha que aconteceu? O porquê dessa demora dele?

Veja, escuta como foi. Há uns tempos atrás, uns três meses antes disso aí, eu recebi uma ligação de Anderson (Ferreira) me chamando para ir lá no escritório. Então ele e André (Ferreira) me pediram por tudo, que eu fosse para o PL. Eu disse que não ia para o PL. Eu não ia, não ia, não ia. Não tinha condições de eu ir para o PL. Eu não tinha perfil de ser candidata pelo PL. O meu eleitorado era um eleitorado que não ia aceitar me ver na história do PL. Eu já tinha conversado com a governadora que para o PL eu não ia. Então estava tudo já afirmado e eu não ia para o PL. Nós tivemos uma conversa de quase duas horas. E eu saí de lá dizendo a eles que eu não ia para o PL. Pelos olhares das pessoas, a gente percebe o que as pessoas gostaram, o que não gostaram. E quando eu saí de lá, eu já disse: eu vou ter problema de partido. Porque essa turma não vai deixar eu ir para um partido que eu queira. Eu percebi muito isso na conversa de Anderson e André, da forma como eles estavam insistindo tanto.

Essa turma que você fala é Anderson e André, se refere a Mano também?

Sim, mas lá no escritório Mano não estava. Só foram eles dois. Então eu senti muito isso. Eu digo: “não vai dar, isso não vai dar”. E eu tinha dito a Mano: “olha, eu deixo de ser candidata, mas para o PL eu não vou.” Eu já tinha dito isso a ele. E ele não fez nenhuma restrição de eu não ir para o PL, ele não fez. Mas Anderson e André fizeram. Fiquei nessa expectativa. Quando aconteceu isso, no dia 5, 7 horas da noite, eu recebo uma ligação da Casa Civil. Igor Cadena (Secretário Executivo da Casa Civil) liga para mim e diz assim: “estás onde?” Eu disse: “eu estou em casa”. Ele disse: “vá lá para The Garden, para a galeria The Garden, que Mano está indo para lá com o deputado Joãozinho Tenório para fazer a sua filiação”. Eu disse: no PRD? Ele disse: sim. Eu disse: acabei de falar com Fabrício e eu disse a Fabrício que só entrava se fosse pelo municipal, mas pelo estadual eu não entrava. Ele disse: pronto. Mano está indo para lá com Joãozinho, com o deputado Joãozinho Tenório. Vá para lá, The Garden. Aí eu: tá bom, eu vou. Estranhei porque Mano não me ligou, porque foi a Casa Civil que me ligou. Chegando eu lá na galeria, eu fui com Roberta e Rafael, um menino que trabalha com a gente. Quem estava lá era Márcio dos Curados já, esperando o prefeito chegar. Aí quando eu vi Márcio, eu disse: tu aqui? Ele disse: o prefeito ligou para mim, mandou eu vir para cá. Aí eu disse: tá certo, ótimo. Aí Márcio ficou lá comigo. O prefeito chegou. Ele não chegou com o deputado Joãozinho Tenório. Ele chegou e disse para mim o seguinte: “vou resolver sua vida. Hoje você vai conseguir um partido. Daqui para meia-noite”, o último dia. Aí por isso que eu digo que eu tenho a minha culpa também. Porque eu esperei, tive um excesso de confiança, mas também eu não me arrependo. Porque comigo tem o seguinte, você sabe, Andros: deixe que eles me traiam, eu é que não vou trair jamais. “Eu chamei Belarmino para vir aqui e conversar contigo”. E aí chegou Belarmino, que não é o Belarmino Sousa, era o Belarmino de Jaboatão Centro, que era o presidente do PRTB. Belarmino chegou e disse que tinha uma vaga no PRTB. Aí Márcio pegou, que entende de partido, e viu quantos filiados tinha, quantos candidatos: tinha seis, ou era sete. Eu ia fazer o que ali, velho? Tava na cara que nem o quociente eleitoral eu iria atingir. Mano pegou o telefone, olhou para mim e disse: “eu vou ali, me espere. Não tome nenhuma decisão. Eu vou ali e a gente volta a conversar”. E saiu. E ficou lá com cara de tacho: Márcio, eu, Roberta, Rafael e Belarmino. Liguei para o prefeito. Dez horas da noite ele já não me atendeu mais. Fui lá para The Garden, cheguei lá e ia dar oito horas da noite. Dez horas o prefeito não chegou. Onze horas o prefeito não chega.

Nossa!

Quem chega lá? Anderson, André, Adeildo da Igreja, Nando Ceres. Simplesmente olharam para mim e me disseram: eu não disse a você que você ia para o PL. Olha aí a ficha de filiação, se filie no PL.

O sangue foi para a cabeça?

Velho, eu dei um murro na mesa. E disse: eu deixo de ser candidata, mas para o PL eu não vou. Peguei minha bolsa, desci chorando. A gente estava naquele primeiro andar ali. Naquele barzinho de vinho. Desci chorando ali, aquelas escadas. Minha filha me seguiu, Márcio me seguiu, todo mundo me seguiu. Desci chorando aquilo ali. E aí eu liguei para Ivaneide Dantas (amiga e ex-secretária de Educação de Pernambuco) e disse: “Ivaneide, acabou. O prefeito saiu. Liguei para ele, ele não me atende. E eu não vou ficar aqui, porque chegou aqui agora Anderson, André, Adeildo. E eu disse que não vou para o PL e vou embora para casa.” Ela disse: “Você não vai para casa. Você vai ficar aí. Que hora é?” Eu disse: “11h40.” Ela disse: “Você vai ficar aí. Zero hora e dois minutos, aí você vai para casa. Porque ele (o prefeito) pode chegar aí meia-noite e dizer assim: “Eu vim resolver a sua vida, você não estava aqui.” E aí eu fiquei esperando lá embaixo. Fiquei lá. Quando foi quinze para meia-noite, o prefeito me liga: “Pegue tua turma aí e venha para o Siciliano.” Quando cheguei aqui, eu lembro bem, estava Andrea.

Jacinta Silva durante entrevista ao Blog do Andros

Andrea Medeiros?

Sim, o pessoal dela sentado, comendo uma pizza. Mano estava na porta da entrada, no celular. Aqui dentro estava o pessoal do Mobiliza. Kleber Shampoo, presidente municipal. Quando eu cheguei, eu olhei para ele e disse: “Prefeito, é isso que eu mereço? A minha fidelidade, o meu compromisso, eu ter deixado um mandato, ter ido para a secretaria, lhe defender, comprei briga, defendi você, comprei briga com Daniel Alves, com Marlus Costa (opositores), tudo que eu puder fazer para lhe defender, eu fiz. É isso que eu mereço? Você tem certeza que é isso mesmo?” Ele olhou para mim e disse assim: “Vá fazer sua filiação ali.” “Que filiação?” “Vá fazer ali sua filiação com Kleber, está resolvido.”

E eu entrei, cheguei assim junto de Kleber, chorando. Aí Kleber disse: “Jacinta, me dê seus dados, que faltam cinco minutos para fechar a janela.” E eu já não tinha o que imaginar, o que pensar. E eu fui, dei meus dados, passei para ele.

Diante de tudo isso, não consegue nem mais raciocinar direito, não é?

Não pensei em nada. Ele fez a filiação. Quando ele terminou de fazer a filiação, meia-noite a janela fechou. Eu não entrava mais em partido nenhum. Meia-noite fechou. Aí quando isso aconteceu, eu olhei para ele e disse: “Kleber, o pessoal do partido sabe que eu entrei aqui?” Ele disse: “Não, ninguém sabe. Só nós quatro.” Era Jailton, ele, Buril e Melque. E Melque estava aqui do lado de fora, sentado ali, chorando.

Chorando?

Porque ele sabia que, eu entrando no partido, eu e ele, a gente ia, como diz o ditado, nadar, nadar e morrer na praia. Quando eu olho para o lado e vi Melque, até aí eu não tinha visto Melque. Aí caiu a ficha. Eu disse: “Tudo o que eu dizia, que eu não queria entrar num partido de paraquedas, é o que está acontecendo.” Fiquei chateada.

E hoje, Jacinta, como é que está a tua relação com Mano Medeiros?

O prefeito falou comigo no dia 27 de julho. Foi quando o prefeito teve uma conversa comigo. Porque era o meu aniversário, era o dia também da convenção do partido (coligação de Mano) durante o dia. À noite era o meu aniversário. E eu convidei ele para ir para o meu aniversário. Disse a ele que queria que ele fosse. Ele me disse que ia. E ele não foi. Ele não disse nem por que não foi, disse nada. E a partir daí, ele não falava mais comigo. A gente até se encontrava nas caminhadas, ele passava, “oi, tudo bom?” “A gente está junto”, “oi, tudo bom?” Pronto, mais nada fora isso.

Ele perguntava se estava junto ou afirmava?

Ele perguntava. Era coisa assim, me questionando.

Então hoje, de certa forma, vocês estão rachados? Distantes?

Muito distantes. Muito! Eu tenho recebido algumas informações, de algumas conversas, de pessoas chegarem para mim e dizerem que o prefeito disse isso e isso.

Mas este “isso e isso”, de forma negativa?

Negativa. E aí eu dizia, “qual é a dele? E por que ele não chega para mim e diz isso? Mas ele nunca disse. Se ele disser assim “eu procurei Jacinta para conversar com ela”, mentira, ele nunca me procurou para conversar comigo.

É esse distanciamento que levou a tua filha Roberta a conseguir um espaço lá com Raquel Lyra e não em Jaboatão?

Roberta está desempregada desde abril. A situação não foi fácil. Eu mantive a candidatura de Roberta, o meu salário sendo dividido. Para as minhas contas, para as contas de Roberta e para a campanha. Porque a gente também não teve contribuição da campanha de ninguém, não. Então precisava se tomar um rumo. A gente ia esperar o que mais? A gente termina a campanha. Outubro, novembro, dezembro. Roberta vai para onde? Não tinha nada. Então, assim, de certa forma, eu disse assim, o currículo da minha filha está aí, vê aí. Mandei para o governo e de repente surgiu essa oportunidade de ela ir para a Secretaria de Turismo.

Então, mas se tivesse essa aproximação com a Prefeitura de Jaboatão, o caminho seria o inverso?

Se a gente não tivesse esse afastamento, a gente não tinha nem saído de junto. Mas não teve nenhuma conversa. Roberta já fazia parte da gestão, era secretária-executiva de Planejamento e Finanças na Prefeitura. No dia 5 que a gente estava aqui no Siciliano, que a gente chegou para fazer essa filiação, Roberta chegou comigo. O prefeito olhou para Roberta, abriu o celular dele e disse assim: ó, a tua exoneração. Roberta tomou um susto. Ela disse: como assim? Ele disse: eu mandei exonerar. Porque se não der certo a situação aí com Jacinta, você é a candidata. Aí foi onde eu te pergunto: tu lembra que eu disse a tu que só quem sabia da filiação era eu, ela e Márcio? Como é que o prefeito botou a exoneração de Roberta a pedido, sem Roberta pedir? O que é que tem por trás disso? Fica a pergunta.

Roberta vai trabalhar na Secretaria de Turismo. O deputado federal Lula da Fonte teve influência nessa decisão?

Sim. Lula da Fonte recebeu Roberta com o maior carinho e brigou para que ela fosse para lá.

Lula do PP. Partido que vocês brigaram contra nessas eleições em Jaboatão!

Isso, isso. Ele insistiu para Roberta entrar. Devo ou não devo favor a esse camarada?

Então o seu deputado federal será Lula agora?

Sem dúvida. O meu deputado vai ser Lula.

E o estadual?

Aí eu não sei. Vai depender da governadora, né?

Foto: Andros Silva

Qual vai ser teu futuro na política agora, Jacinta? Há a possibilidade de Jacinta se lançar deputada estadual?

Eu não tenho interesse. Não tenho. Não tenho. Para ser bem sincera, eu não sei se eu volto à vida política. Deixar de trabalhar, deixar de estar envolvida, isso nunca. Isso nunca. Vou estar como sempre fiz toda a minha vida desde os meus 13 anos de idade, fazendo campanha, me envolvendo, vou fazer a campanha de Raquel Lyra e do meu deputado federal Lula da Fonte.

Com Mano distante, acabou estremecendo também a tua relação com a primeira-dama, Andrea Medeiros?

Sim. E o que passa na cabeça deles? Me escolheram para ser a oposição? Hoje o pessoal que a gente tem lá na prefeitura, que é ligado a gente, vive lá sofrendo, dizendo que não sabe mais o que faz. Que não pode falar meu nome. Fizemos uma confraternização. Agora, no dia 28 de novembro. As pessoas mandavam mensagem para mim assim: “Amiga, eu queria tanto estar aí com você. Mas eu não posso ir.” As pessoas estão se sentindo perseguidas. E não foram para confraternização. Isso me deixa muito entristecida. Porque eu nunca fiz uma política dessa de perseguir as pessoas.

Existe a possibilidade de um retorno? De uma boa conversa com o casal Medeiros? Você espera que eles te procurem?

Na política eu aprendi que o “jamais” não existe. Eu nunca vou dizer “jamais eu vou estar com Mano”. “Jamais eu vou estar com Andrea”. Não vou dizer isso de jeito nenhum. Não é o meu perfil. Eu acho que nas estradas da vida, um dia a gente pode se esbarrar aí. Se encontrar, conversar. O prefeito antes ia muito na minha casa, antes mesmo de eu ser secretária, a gente conversava muito, de manhã ia lá, a gente batia papo, via uns dos caminhos que a gente podia fazer, a defesa que eu podia fazer dele na Câmara. E de repente essa pessoa fica em silêncio. De repente essa pessoa não fala mais comigo. Ele chegou a dizer que eu fui desrespeitosa com ele. Eu me questiono quando foi que eu fui desrespeitosa? Isso me deu até uma dorzinha de cabeça, de eu ficar procurando, saber os detalhes. “O que foi que aconteceu? Aonde foi que eu desrespeitei Mano?” Enfim. Ele perdeu de ter uma amiga fiel. Eu dizia a todos que Mano era diferente, até à governadora eu disse que Mano era diferente, que poderia investir. No final, ele foi diferente, sim, diferente para mim, diferente comigo.

Você se sente traída?

Muito. Mas eu não traio, e isso me fortalece. O próprio André Ferreira, que eu tinha um compromisso com ele até lá atrás, uma vez me disse: “O meu compromisso com você é do tamanho do seu comigo.” Como seria bom que fosse verdade. Que ele tivesse realmente tido o compromisso do tamanho que eu tive com ele. Que ele tivesse realmente retribuído.

Jacinta, muito obrigado pela sua participação aqui no Blog.

Andros, eu que agradeço a você pelo convite, muito obrigado.




06/12/2024 às 11:57 – Por Andros Silva

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