Imagem/Reprodução

Sucuri de oito metros e meio nada no leito de um rio de águas transparentes na região Amazônica

No vídeo em que a sucuri aparece (no final do texto), estirada como se quisesse ser vista em seu tamanho, vaidosa de suas dimensões incomuns, parece que ela aspira ser atriz cinematográfica, mais linda e fotogênica do que as anacondas que aparecem nos sucessivos filmes sobre a Amazônia. No comentário ao vídeo, diz-se que ela é a maior do mundo, o que pode ser inverídico porque ninguém conhece as sucuris todas do planeta terra.

Uma coisa é certa: a mansuetude desse animal é bem maior do que sua expressão de massa corporal, é impressionante. Dá até vontade de abraçá-la com o coração, mas a vontade não é do coração que pode ser um órgão de grande volubilidade, se tomarmos o parâmetro de Davi, o herói do BBB, cujos amores e preferências mudam a todo instante.

O melhor é que abraço semelhante seja impregnado de espiritualidade, uma homenagem a quem conseguiu sobreviver e tornar-se idosa (porque ela deve ser bem velhinha) em meio a tanta adversidade. A cobra, estiradona, quase dorminhoca, via o mergulhador que a menos de dois metros a observava e não o achava bonito nem apetitoso. Nem o comeria, nem se acasalaria com ele, cobra mergulha mas não é mergulhador, e homem que mergulha não se transforma em cobra, portanto, por mais que se olhassem, que se admirassem, não poderia haver casamento ou acasalamento entre os dois.


Só admiração recíproca e esclamação, tipo: que bicha longa, que bicha esquisita, nunca se viu tão espichada e tão bonita. O poeta de São José do Egito, José Perazzo, versou sobre a cobra de lá do seu quintal. Cobra grande, parece político experiente, engole sapo, bode, carneiro, veado, barata, sem reclamar, chupa abacaxi com casca, come porco espinho vivo com cachaça, rasgando-o com os dentes.

Medo de ninguém ou de nada ela tem, é dessas que não se engasga nem com um trem, oito metros e meio de tamanho é mixaria, duzentos quilos de peso também, no fim do presente século, medirá um quilômetro e meio e toneladas pesará mais de cem.

Estavam em reunião festiva em casa recuperando energias gastas no curso de medicina, quando alguém advertiu o vate, lembrando-o de que a sucuri, objeto da conversação, só poderia existir em meio a muita mata, muita água, caça e pesca abrangente, ao que o poeta retrucou: pode trazer tudo para o meu quintal que cabe e sobra espaço.


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José de Siqueira Silva é Coronel da reserva da PMPE
Mestre em Direito pela UFPE e Professor de Direito Penal

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27/04/2024 às 20:44

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