Há pouco mais de um mês, o vereador Sandro Raimundo de Andrade, ou simplesmente Totô, voltou a ocupar uma cadeira na Câmara do Jaboatão. A volta do parlamentar a Casa Legislativa, aconteceu após o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) dá voto favorável a sua ação contra o agora ex-vereador Eduardo Gomes do Nascimento, o Didinho.
Totô ocupava a vaga de 1º suplente no Republicanos com 2.596 votos, partido presidido pelo deputado federal Silvio Costa Filho em Pernambuco e acusou Didinho de praticar abuso de poder econômico, já que durante as últimas eleições, realizou grandes obras, como pavimentação de ruas em comunidades da cidade, criando assim uma concorrência desleal com os demais candidatos que não tinham o mesmo poder aquisitivo.
No início deste mês, leitores passaram a enviar mensagens para o Blog, pedindo uma entrevista com o político. Perguntas se o vereador seguiria na oposição ou poderia ir para a situação e como ficou a sua relação com o colega de sigla eram as mais pedidas. Na manhã desta sexta-feira (25), por telefone, conversei com Totô. A seguir, os principais trechos da conversa.
Andros Silva – Como será conduzido o seu mandato nesta volta a Câmara dos Vereadores? Segue na oposição ao prefeito Anderson Ferreira? Existem chances de assim como outros colegas da casa, andar mais alinhando ao governo Anderson, ou melhor, ao Luiz Medeiros, que assume em abril?
Vereador Totô – Eu ainda não tive nenhum contato com o Poder Executivo, estou apenas há um mês à frente do meu mandato, estou resolvendo ainda algumas coisas pendentes. Eu acredito que posso sim sentar e ouvir o que o Poder Executivo tem para a cidade do Jaboatão. Há quatro anos eu não via nenhuma forma positiva, no sentido de melhorias para Jaboatão com Anderson Ferreira, mas com esse novo gestor (Luiz Medeiros), pode ser que ele tenha uma visão melhor para a nossa cidade.
E qual seria essa “nova visão” citada pelo senhor vereador? E o que de fato o senhor espera de Medeiros ao longo desses dois anos de governo?
Eu quero que ele mostre realmente a que veio, que mostre coisas boas para Jaboatão. Eu quero primeiramente sentar para ver realmente o que ele pretende fazer pela cidade. Quando falo que não sentei, conversei, não falo em coisa para mim, mas sim para a cidade, dando a oportunidade de ouvir boas propostas para o município.
Ou seja, quando tiver a oportunidade de conversar, há possibilidade do senhor se alinhar a situação?
Quero escutar o que tem o novo gestor para a nossa cidade. Não quero nada para me favorecer, quero apenas favorecer a cidade do Jaboatão.
Então para não cometer nenhuma injustiça, hoje o senhor é opositor, certo?
Andros a Câmara de Vereadores foi fundada para ser oposição, porque a nossa função é fiscalizar e se você fiscaliza, ninguém quer, gosta de ser fiscalizado, cobrado, então hoje, como ainda não tive a oportunidade de sentar e ver o que ele (governo municipal) tem a oferecer a nossa cidade, eu sou oposição sim, com toda certeza, mas eu nunca vou deixar de cobrar e fiscalizar, independente de qualquer coisa, doa a quem doer.
“Eu acredito que posso sim sentar e ouvir o que o Poder Executivo tem para a cidade do Jaboatão”
Vamos falar sobre sua ação contra o vereador Didinho? Antes, deixa eu explicar… Em sua maioria vereador, as minhas entrevistas partem de pedidos de leitores e muitos deles, encaram a sua atitude como uma puxada de tapete no seu colega de partido, eu acredito que o senhor está em seu direito, mas o que o senhor gostaria de falar para quem pensa dessa maneira?
É uma situação lamentável, eu mesmo não queria está falando sobre isso aqui, falo em respeito a você, aos seus leitores. É como você disse, ele é um companheiro, uma pessoa que não deixa de ser meu amigo, em hipótese nenhuma, só se ele quiser, mas continua sendo meu amigo, agora é o seguinte, o que me levou a entrar com a ação na justiça, foi a dúvida para querer saber realmente o que pode ou não pode na lei eleitoral, apenas isso.
Tem falado com ele, com o Didinho?
Eu não tenho falado com ele, eu sinto que ele está chateado, porque também perder o mandato, realmente o cara fica chateado. Agora voltando a essa coisa de dizer que eu passei a rasteira em um companheiro meu, é totalmente errado, isso aí. As pessoas tem que entender, que na disputa dentro de uma eleição existe um grupo, ou seja, um partido que vai colocar 30, 40 pessoas. Então a lei eleitoral mostra e pede igualdade para todos, eu não posso Andros ter um milhão, dois milhões, e achar que posso encontrar os melhores caminhos para gastar nas eleições ao meu favor, me favorecer, em cima daqueles que tem menos. Eu vi dentro do meu partido (Republicanos) pessoas que estavam se sentindo prejudicadas diante de tanta estrutura de Didinho, dizendo: “Eu não vou ficar aqui neste partido” por que? Por causa dessa estrutura. Você acompanhou as redes sociais dele? A estrutura foi enorme, eu não poderia ter Andros um milhão, dois milhões e pensar em prejudicar os menores que não tem nada.
Dizem que a campanha dele parecia uma campanha para o Executivo.
Ele mesmo fala nos áudios dele, que não tem vereador e não tem prefeito que fez mais que ele. Eu me senti prejudicado diante de tanta estrutura exibida nas redes sociais. Mas eu não peguei um revólver e fui tirar a vida dele para assumir o mandato não, eu seguir o caminho certo e a lei me mostrou o que pode e o que não pode ser feito. Então, não foi eu quem tirou o mandato dele, eu não tenho força de tirar o mandato de ninguém, foi a lei. Eu tenho tudo gravado, se você não tem, eu posso mandar para você, das coisas das redes sociais dele. E sim, eu vi que meu partido fazia dois vereadores, mas diante de tanta estrutura, dele, muitos pré-candidatos saíram do partido.
E todo esse recurso, de onde teria vindo, hein vereador?
Eu não tenho como saber, eu sei que a estrutura dele foi enorme. Agora eu não posso acusar ninguém, nem apontar de onde veio tudo isso.
Antes de tomar a sua decisão de entrar com a ação, o senhor chegou a conversar com o presidente estadual da sua sigla, com os demais integrantes do partido?
Eu cheguei a conversar com alguns membros do grupo, do partido, e muitos deles pré-candidatos diziam que a estrutura do Didinho era enorme e por isso saíram do partido, se sentindo prejudicados.
O senhor em algum momento, assim como eles, pensou em deixar o partido?
Em momento algum eu pensei em deixar o partido. Estamos aí resolvendo algumas coisas pendentes, estou tocando o meu mandato. Preciso me sentar com o gestor que vai assumir o mandato na Prefeitura do Jaboatão e ver o que ele tem para oferecer aí de bom na sua gestão para Jaboatão e estou aí trabalhando sempre para o melhor de Jaboatão.
Obrigado vereador por reservar um tempo para a gente conversar e logo vou aparecer aí na Câmara para tomar um café e falar mais sobre política.
Andros eu conheço muito bem o seu trabalho, o seu trabalho hoje é considerado e muito respeitado, principalmente aqui em Jaboatão, mas não só em Jaboatão, como já sei que em outras cidades também e agradeço pelo convite. Eu sei que o que falei está em boas mãos e quando você publicar, passar para o seu público, vai esclarecer as coisas, para o povo entender… E claro, quero que você venha ao meu gabinete tomar um cafézinho comigo, será um prazer, um abraço.
Em tempo… Por esses dias, o Blog entrou em contato com o ex-vereador Didinho. Ligamos e enviamos mensagem para o seu WhatsApp, mas não obtivemos retorno. O Blog continua à disposição do agora ex-parlamentar.
No detalhe… Na eleição de 2016 Totô foi o vereador mais votado de Jaboatão. Em 2020, este “título” ficou com o vereador e ex-blogueiro Marlus Costa.
25/03/2022 às 16:23 – Por Andros Silva