No sistema socioeducativo de Pernambuco, adolescentes têm contato com ações integradas de cuidado e assistência que nem sempre puderam acessar do lado de fora dos muros, antes da prática de atos infracionais. É o caso do socioeducando Kaio (nome fictício), de 15 anos, que enfrentava dificuldades para enxergar e tinha o rendimento escolar afetado pelo problema. Após uma série de articulações institucionais, ele passou a usar óculos pela primeira vez na vida dentro de uma unidade da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase), órgão vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude (SDSCJ).
Ele chegou ao Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) Jaboatão dos Guararapes, em maio deste ano, para cumprir uma medida de internação. Logo nos primeiros contatos com a professora Roseli Andrade, da Escola Estadual Frei Jaboatão, que tem um anexo dentro da unidade, o estudante apresentou dificuldades para acompanhar as aulas. Após atendimento da equipe técnica do Case Jaboatão e encaminhamento a uma consulta oftalmológica feito por uma profissional médica da Funase, ficou constatado que o socioeducando tinha um problema na visão que o acompanhava havia alguns anos.
“Começou uma saga que envolveu várias pessoas com o sentimento de ajudar. Alexandra Wanderley, psicóloga da Funase e responsável pela Assessoria Técnica de Gestão de Pessoas da instituição, ficou sensibilizada com a situação e buscou uma parceria com o Lafepe [Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco], através do Sr. Nivaldo, que conseguiu os óculos. A socioeducação passa, invariavelmente, pela garantia de direitos como educação, saúde e alimentação, que são, na maioria das vezes, negados aos adolescentes antes de entrarem na Funase”, relatou Mozat Lourenço, coordenador-geral do Case Jaboatão.
A entrega dos óculos, feita na sede da Funase, no Recife, pela presidente da instituição, Nadja Alencar, foi marcada pela emoção de contribuir com um futuro com mais saúde para um adolescente do sistema socioeducativo. “Além de oferecer nossas atividades pedagógicas, temos a missão de ir identificando essas brechas que encontramos no acesso a uma série de direitos, algo que esses adolescentes já vivenciavam antes de chegarem à Funase. Infelizmente, nos deparamos com muitos que nunca haviam ido ao dentista, ao oftalmologista. Na Funase, recorremos à rede de saúde ou a parcerias para oferecer esse cuidado e assistência. É gratificante ver que a vida desse adolescente vai mudar para melhor após esse trabalho coletivo”, afirmou a presidente.
Ao receber os óculos, Kaio agradeceu o esforço institucional para ajudá-lo e disse acreditar que vai conseguir ter um desempenho melhor em diversas atividades do cotidiano que eram prejudicadas. “Ninguém nunca tinha feito isso por mim, nem mesmo minha família, por não ter muitas condições. Sou muito agradecido por essa ajuda”, declarou.
14/09/2021 às 08:30 – Com informações da assessoria